segunda-feira, 12 de abril de 2010

Florbela Espanca, minha poetisa favorita.

Durante um tempo resisti a fazer isso, mas tornou-se inevitável.

Fui uma criança que cresci envolta em livros, não por opção, nem tão pouco por obrigação, talvez como uma forma de refúgio.

Até os seis anos, enquanto meus pais eram casados, morei em um sobrado de um bairro legal aqui de São Paulo, mas infelizmente na minha rua não tinham outras crianças. Durante as manhãs, eu ficava com a minha avó, em seu apartamento na região da Grande São Paulo, no período da tarde eu ia pro colégio.

Acabei por fazer dos livros, assim, minha companhia costante, afinal, sempre cabiam na bolsa/mochila e me tinham uma palavra amiga.

Em uma das minhas aventuras pela biblioteca, fazendo um trabalho para o colégio, descobri um livro bem antigo sobre literatura, e resolvi folheá-lo em busca de material, nele descobri poetas novos, pouco comentados em salas de aula, talvez pela intensidade dos seus escritos, não muito recomendados para adolescentes em formação (será que isso existe? Classificação etária literária?), como Augusto dos Anjos e seus poemas parnasianos, com temas obscuros; e Florbela Espanca...

Florbela Espanca é, sem dúvida, minha poetisa favorita, seus trabalhos são ricos e cheios de sentimento, todos (ou a grande maioria) me fazem lembrar de mim mesma e ouso dizer que ninguém me conhece melhor do que ela.

Florbela nasceu em 8 de Dezembro de 1894, 90 anos antes de mim, na região do Alentejo/Portugal. Filha de uma dona de casa e de um sapateiro, foi registrada como filha ilegítima de pai incógnito (ela, assim como seu irmão, não era filha da esposa de seu pai). Seu pai, entretanto, nunca a abandonou (apesar de apenas tê-la reconhecido aos 18 anos de idade), criando-a em sua casa, e tendo sua esposa como madrina de seus filhos.

Poeta desde muito cedo, seus primeiros textos datam de 1904, aproximadamente, quando ainda estava na escola primária e assinava-os como "Flor d'Alma da Conceição". Pouco tempo mais tarde, ingressou no Liceu Masculino André de Gouveia, na cidade de Évora, onde permaneceu até 1912, tornando-se, assim, uma das primeiras mulheres a frequentar o curso secundário, que infelizmente não pode ser concluído devido à Revolução Republicana.

Casou-se com 19 anos; com 22 inaugurou o projeto Trocando Olhares, onde reuniu toda sua produção poética, e começou a trabalhar como jornalista.

Com 23 anos, sofreu um aborto espontâneo e suas consequências, problemas nos ovários e pulmões, mudou-se então para a região de Quelfes, onde começou a apresentar os primeiros sinais de neurose.

Sua primeira obra publicada foi "Livro de Mágoas", em 1919.

Dai pra frente, sua vida foi sempre muito conturbada, com inúmeros amantes, casamentos e separações, Florbela sofreu um segundo aborto e nunca se recuperou da trágica morte de seu irmão. Com sua saúde mental cada dia mais agravada, tentou suicídio por duas vezes, e ao ser diagnosticada com edema pulmonar, não resistiu a uma terceira tentativa, falecendo dia 8 de Dezembro de 1930, quando completava 36 anos.

Meu soneto favorito é esse que se encontra em meu perfil, chamado "Eu". Espero que gostem.

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