quinta-feira, 5 de julho de 2012

Do clássico ao popular: Vai Corinthians!


O dia ontem devia ter sido um dia de diversão em família, de aproveitar a noite na companhia da minha mãe, de me divertir, rir e chorar. E foi exatamente isso que aconteceu, mas não necessariamente da forma como tinhamos planejado.

Com ingressos em mãos, minha mãe era a alegria em pessoa indo pro show do Andre Rieu e eu ainda tentava argumentar que ficar em casa seria melhor, que ela podia ir ser mim. Com tanto show no Brasil tinha que ser no de ontem, justamente no de ontem, no dia da final da Libertadores? Só podia ser pessoal e contra mim. Mas fui.

Não me deixaram vestir meu manto, mas eu dei meu jeito, todo corinthiano dá. Roupa preta, relógio branco, unhas em preto e branco e meu celular, também branco, foi meu refúgio. Confesso, tentei abstrair, me distrair, esquecer que tinha jogo, quem sabe eu fosse a Corinthiana que menos sofreria, justamente por não estar assistindo ao jogo, mas não.

A cada rojão, a cada mínimo ruído vindo de fora do Ginásio do Ibirapuera o coração parava e um burburinho imenso começava dentro da arena, burburinho tamanho que fez o próprio maestro perguntar, mais de uma vez: "Corinthians?"

É, eu não resisti. Fone de ouvido foram feitos pra isso. Celular sintonizado na estação de rádio, jogo começando. Os fios escondidos por entre a roupa e exarpe, preso atrás do cabelo e a cara mais deslavada do mundo tentava (ou queriam tentar) esconder que o show, pra mim, estava longe dali, que a cabeça estava longe dali. Eu já não ouvia as piadas, os comentários e muito menos as músicas.

Minha mãe me beliscava, ria, gargalhava e eu, eu séria, pés batendo no chão, impaciente, os dedos cruzados, e os olhos fixos no palco, como se eu tivesse entendo alguma coisa. Fim de primeiro tempo, um alivio, pude respirar, mas a tensão tava no ar, e não era só em mim.

Em meio ao clássico, às famosas valsas, em meio a Johann Strauss e Emile Waldteufel, eu pensei comigo mesma que quando ele tocasse "Hallelujah" (Aleluia) sairia o primeiro gol do Corinthians, talvez o único. Não foi bem ao mesmo tempo, mas eu tava certa e ainda comentei com minha mãe: "Essa música veio bem a calhar."

Coração apertado, aperto que não diminuiu com o primeiro gol, talvez porque eu não tenha podido gritar em alto e bom tom, mas nem era preciso. Eu não era a unica fora do bando de loucos, o burburinho começou novamente, os seguranças corriam de um lado pro outro atrás de um rádio, uma televisão, eu batia na minha mãe e a mulher ao meu lado, batia em mim. Todos comemoravam, de forma velada, a mesma coisa: o gol!

O segundo gol foi a gota d'água e todo mundo desistiu de ser discreto, gorros, faixas, o escudo do corinthians começou a brotar no ginásio. As meninas que trabalhavam levando o público até suas poltronas vibravam com uma micro televisão na mão e eu surtava com meu irmão, no telefone. Não sei mais que música tocava, nem que horas eram, muito menos quanto faltava pra acabar o show.

Minha mãe também desistiu, só não sei se de mim ou se do show, mas a impaciencia era tão grande que ela chegou pegar um dos meus fones de ouvido. Que o show acabasse logo e antes de o maestro começar a tocar "Michel Teló", eu já estava fora do ginásio, fazendo contagem regressiva pro fim do jogo, pro fim do sofrimento, como quem conta pro Reveillon.

Dentro do taxi eu gritei: "É campeão!", ouvia o hino no rádio e chorava (cantava também), separava o dinheiro pra pagar a corrida e preparava pra correr pra dentro de casa em tempo de ver a entrega das medalhas e da tão desejada taça, aquela que pra uns nunca teria o nosso nome.

As piadas agora já não tem sentido, não tem graça, são ultrapassadas, são passado, são o choro desesperado daquele que não aceita que o "Dia de São Nunca" chegou, que "Nunca Seríamos", e que torcem pra um time tão ruim que nem a torcida é fiel, porque Fiel, só tem uma, a nossa Nação, a Nação Corinthiana e nada supera a emoção de ser Corinthiano, nada! Nada que eu escrevesse aqui poderia ser capaz de descrever o que é chorar cada vez que vê os gols sendo reprisados a exaustão, de chorar com o hino e com qualquer porcaria que passe na TV.

 Ai Ai...

Enfim... VAI CORINTHIANS!

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