segunda-feira, 25 de maio de 2009

Morte e Vida

É, eu andei me afastando dos diários virtuais (ditos blogs) ultimamente ando me aproximando deles com uma velocidade impressionante novamente, só ainda não sei se isso é bom ou ruim, só sei que não vou me comprometer a escrever diariamente, afinal, escrevo quando existem coisas a serem ditas e não por obrigação.

O me traz aqui hoje não é nada agradável, mas é uma situação pela qual todos irão passar, a morte! Eu vou confessar, tenho pavor dessa palavra (e se fosse só da palavra estaria no lucro), tenho pavor de pensar “que vou acordar” e não vou ver, não vou sentir, não vou nada, aliás, diga-se de passagem, tenho medo do que vem depois (papo de gente doida, desde quando vem alguma coisa depois?), ou melhor, do que não vem, é apavorante pensar que posso deitar e não levantar, largar tudo pela metade ou nem começado.

Faz pouco menos de seis meses que me formei, mal passei na OAB, nem tive a solenidade pra pegar a carteira de advogado, ainda procuro emprego, tenho 25 anos, sou jovem, mas minha turma não era formada apenas de mauricinhos e patricinhas, de meninos e meninas, era composta também por alguns alunos mais velhos, com seus 48/50 anos de sabedoria, e que me ensinaram que devemos aproveitar ao máximo nosso tempo na Universidade, porque com certeza eles serão inesquecíveis. Fiz boas amizades, muitas delas com essas almas mais evoluídas, na verdade, quase todas elas (ok, eu sou estranha, não saio de balada, detesto boate, barulho, fumaça...)...

Por vezes julguei-os pela capa, o famoso não julgue o livro pela capa me bate na cara toda vez que lembro disso. Lembro de zombar deles nos primeiros dias de aula e da minha falta de paciência, nossa, como eu odiava! Com os meses fui aprendendo a conhecer, fui vendo que aquilo não era chatice, quer dizer, eles continuam me perturbando, carrego minhas cruzes como eu os chamo, mas são meus amigos. Outros,infelizmente, eu não aprendi a superar a dita “chatice”, as perguntas intermináveis no meio e no final das aulas enquanto eu rezava pra sair mais cedo, os comentários ácidos (como se os meus não fossem), as brincadeiras sem graça e fora de hora, sem contar as vezes que me chamou “Sra. Representante, precisamos fazer alguma coisa, assim não pode, assim não dá”. Nos formamos, perdi contato, e nem queria ter, isso era uma certeza.

Ontem de tarde eu assistia ao vídeo de colação de grau e o vi, lembro que ainda pensei: “olha, o fulano”, e não muito tempo depois fui supreendida com a notícia de que ele havia falecido, minha reação? A única esperada “que?”! É um misto de “p*, que b*” com “poxa, eu nem o conhecia direito, eu tinha minhas reservas com ele, mas poxa...”... e isso me remeteu a uma história um pouco mais antiga, a quase 10 anos atrás, quando acordei no dia seguinte do meu aniversário de 16 anos e me deparei com minha avó passando mal, e horas depois minha prima me ligando e deixando escapar que ela tinha morrido, alguém me diz porque as pessoas boas vão antes das ruins? Tem tanto bandido, tanta gente salafrária e maldosa, porque? Meu irmão, coitado, até hoje não cheguei pra ele e disse “Rick, a Dei morreu”, ele acordou no susto e descobriu sozinho, com meus gritos histéricos, minhas pernas moles e o telefone fora do gancho. Parece cena de filme? Só se for de terror! Minha mãe sempre diz, quando a pessoa está doente, muitas vezes esperamos por isso, até pra abreviar o sofrimento daquele que amamos, não podemos ser egoístas, mas e quando elas estão bem? E quando elas simplesmente largam tudo, sem mais nem menos, temos que nos conformar? Aceitar a saudade, enfiar num saco e levar a vida? To pra entender isso ainda, já disse, não lido bem com a morte!
Descanse em paz, Alain, onde estiver!

(Música de fundo: Never Gone, totalmente apropriada)

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