quinta-feira, 20 de junho de 2013

Na minha singela opinião... #OGiganteAcordou #ChangeBrazil

Eu nunca fui muito de polemizar e nem de me abrir pra alguns debates que, muitas vezes, se tornam mais ataques pessoais do que qualquer outra coisa, porque, sejamos sinceros, ninguém, ou muito pouca gente, gosta de ver seu ponto de vista sob os olhos dos outros. Muitos não toleram ter suas "crenças" questionadas e temas de argumentação e já dizia o sábio que "futebol, religião e política" não se discute. Bom, acho que isso começou a mudar.

Nunca fui muito de me meter em política, política na acepção partidária do termo. Não gosto dessa coisa "meu partido é melhor que o seu porque a nossa cor é laranja e a sua é amarela", por isso, não voto no partido, mas na pessoa. Não voto na legenda, voto naquele que eu acredito (dadas as devidas proporções) que vá fazer valer meu voto. Já me arrependi, CLARO E EVIDENTE, mas quem nunca se arrependeu de ter votado no Brasil? Mas diante dos últimos dias eu achei que poderia escrever aqui a minha singela e humilde opinião, que ninguém pediu, claro, então não se sinta obrigado a ler.

Não sou contra os movimentos que estão acontecendo pelo Brasil a fora, não mesmo! Acho sim que já passou do tempo de se mudar alguma (muita) coisa e já que, nas urnas, o povo (onde me incluo) parece não saber direito o que fazer, como responder, como reagir e como votar, que o faça nas ruas, se fazendo ouvir. O que me "preocupa" e me "entristece" é ver que tudo começou e vai "acabar" por vinte centavos... Não, isso não enfraquece em nada as manifestações, os pedidos, as lutas, mas me faz pensar o quão mais longe nós iremos. O movimento nasceu por vinte centavos, mas cresceu por uma indignação generalizada com a palhaçada que virou esse país.

Não, realmente não é por vinte centavos. É por vinte centavos a mais em um transporte público sem qualidade alguma, sem segurança nenhuma, onde as pessoas, cidadãos, são espremidos, apertados como sardinha em lata. Um transporte público que de público pouco tem, já que 70% da sua verba é financiada pelo povo, de forma direta, na catraca. Um transporte público que é indigno pra quem usa e pra quem quem conduz, com baixíssima qualidade e manutenção. Com ônibus/trens/metrôs sucateados, superfaturados, super lotados, super! Mas também é por hospitais públicos que mais parecem açougues, com número insuficiente de profissionais, leitos, medicamentos, aparelhagem... Por hospitais que não tem a menor condição sequer de serem chamados de hospital. Por uma educação que não educa, reproduz. Por uma escola que não ensina, que não liberta, que não transforma: molda. Por um ambiente de trabalho precário, dentro de latas, sem material, com livros repletos de erros, com professores desrespeitados, com salários ridículos e tendo de ouvir de uns e outros que "professor trabalha por amor", mas já dizia minha avó que amor não põe comida na mesa. Por uma segurança que não existe, por uma violencia que não acaba, por crimes que só aumentam, pela impunidade em níveis estratosféricos, pela corrupção arraigada, pela venda de cargos ministeriais em troca de tempo na TV, é pela nossa vontade expressada na urna ser nada mais, nada menos, do que moeda de troca nos bastidores do poder... É por tudo isso e não só por vinte centavos.

Mas os aumentos foram revogados, satisfez-se o objetivo primário das manifestações, e agora? Qual o próximo passo? Existe um próximo passo? O que me amedronta que é a voz da rua seja calada por um doce que se deu pra criança que aprendeu a engatinhar. E, pior, que o povo se deixe enganar, mais uma vez, por medidas paleativas, irreais, que só servem para calar a boca. Que a inércia do Poder Público nas demais áreas não seja justificada como consequencia desse "calar a boca", embora isso tenha ficado explícito, sem a menor cerimônia, na fala do Sr. Governador e do Sr. Prefeito, jogando no povo a responsabilidade pela incompetencia dos governantes.

Vejo posts nas redes sociais que questionam aqueles que foram pra rua, seu conhecimento político, seu envolvimento com a militancia partidária, direita ou esqueda, norte ou sul, e me pergunto o quanto enfraquece o clamor que aquele que foi dar a cara a tapa não empunhe bandeira alguma, que nunca tenha sentado em uma mesa coberta por uma ou outra cor de toalha pra debater com "líderes" sobre o rumo que a sua indignação deveria tomar. Como ele deveria pensar e conduzir a sua linha de raciocínio. Acredito, dentro das minha convicções, que limitar a participação popular somente àqueles que sejam militantes, partidários, socialistas, reacionários, revolucionários ou qualquer outro adjetivo é negar direitos. Não é porque fulano ou cicrano aderiram à manifestação sem nunca ter sido militante, sem nunca ter se filiado a nenhum partido que sua insatisfação é menor, que sua indignação é menos real, verdadeira, pungente do que a de qualquer outro. Sair e dar a cara a tapa é mais do que defender qualquer ideologia de um ou outro partido, é sair da inércia, é clamar mudança, é mostrar que não é bobo, que não existe mais bobo, que o povo pode e quer mudança. Que tá cansado de ser feito de palhaço.

Acredito, sim, que essa militancia de cadeira e grupos de discussao deva ser importante, que deve estimular a reflexão, mas essa reflexão não pode ser feita de forma cega e tacanha, com venda nos olhos, porque tirar do povo a legitimidade pra cobrar mudanças é burrice, é tentar tapar o sol com a peneira, é paternalista e, por vezes, partidário.

Vejo gente proclamando que tem que ter bandeira sim, que tem que ter partido sim, que tem isso que tem aquilo, que é burrice pensar que não tem que envolver partido. Eu acho que não tem que envolver partido mesmo, porque o partido é uma máscara, é uma farsa. Claro, no final das contas, é em um deles que vai recair nosso voto ano que vem, mas jogar partido no meio no auge da discussão é desviar o foco. O debate vai deixar de ser dirigido pras necessidades e insatisfações de povo e vai virar uma lavação de roupa suja sem fim e sem foco. Vão deixar de debater sobre a bosta que é a educação e vão começar a discutir os méritos e desméritos de cada partido, de cada candidato, de cada década. Vai voltar a ser um jogo de empurra, de "eu fiz mais que você" e os problemas, mesmo, e as possiveis soluções, vão acabar ficando em baixo do tapete, escondidas por uma discussão de egos e poder. Mas que fique claro que não excluo ninguém e que acredito sim que toda participação é importante, que todo cidadão indignado e desejoso de mudança deve sair às ruas e juntar forças em prol do todo, da sociedade, do coletivo, desde que deixe a questão partidária em casa, que não seja oportunista e não busque na luta maior objetivos particulares.

Talvez eu seja muito idealista (ou não), revolucionária de Facebook, como alguns dizem, mas talvez, só talvez, eu não esteja tão errada.

Um comentário:

Tâmara disse...

Ótimo texto, parabéns!