quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Guaranis Caiovás: Um Pedido de Ajuda

Aos meus seguidores tão antigos, talvez esta postagem os assuste um pouco. Não a leveza, a irônia e as metáforas com que costumo conduzir meu texto, tem, sequer, algum texto meu, a não ser esse introdutório, mas não pude negar um pedido de ajuda. Não é nenhuma novidade para nós que o Brasil, nos seus cantinhos mais escondidos (ou não) ainda possui alguma população indígena, todas já afetas pelos costumes brancos, é verdade, mas que, ainda sim, guardam (ou resguardam) parte de sua cultura e de nossa história. Mas também não é novidade que cada dia mais essa população está sumindo, devagarinho, sem ninguém ao menos notar. Por todas e de todas as formas que possamos (ou não) imaginar, elas simplesmente somem e deixam de existir e nós, por conhecermos tão pouco, não percebemos.

Confesso que pouco sei ou conheço sobre esse conflito que está ocorrendo no Mato Grosso do Sul, mas é agonizante ler as declarações dos índios Guaranis Caiovás e perceber que eles perderam bem mais que a confiança na justiça, mas a fé na vida. Um grupo todo desesperançado e preferindo à morte à vida indigna que terão e já tem. É de dar calafrio ver que uma tribo toda prefere morrer porque estão sendo ignorados e pouco ouvimos sobre, pra não dizer que não ouvimos nada.

Por isso, repasso texto que recebi de uma grande amiga, para conhecimento e, se assim acharem que devem, assinatura dos abaixo-assinados.

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Nas últimas semanas, quase nenhuma importância se deu a uma espécie de testamento de uma tribo indígena. Tribo com 43 mil sobreviventes, uma verdadeira guerra contra as terras indígenas e o saque dos recursos naturais.

A justiça federal decretou a expulsão de 170 índios na terra em que vivem atualmente. Isso no município de Iguatemi, no Mato Grosso do Sul, à margem do Rio Hovy. Isso diante de silêncio quase absoluto da chamada Grande Mídia. (Eliane Brum trata do assunto no site da revista Época). Há duas semanas, numa dramática carta-testamento, os Kaiowá-Guarani informaram:

-Não temos e nem teremos perspectiva de vida digna e justa tanto aqui, na margem do rio, quanto longe daqui. Concluímos que vamos morrer todos. Estamos sem assistência, isolados, cercados de pistoleiros, e resistimos até hoje. Comemos uma vez por dia.

Em sua carta-testamento os Kaiowá/Guarani rogam:

- Pedimos ao Governo e à Justiça Federal para não decretar a ordem de despejo/expulsão, mas decretar nossa morte coletiva e enterrar nós todos aqui. Pedimos para decretar nossa extinção/dizimação total, além de enviar vários tratores para cavar um grande buraco para jogar e enterrar nossos corpos. Este é o nosso pedido aos juízes federais.

Diante dessa história dantesca, a vice-procuradora Geral da República, Déborah Duprat, disse: "A reserva de Dourados é talvez a maior tragédia conhecida da questão indígena em todo o mundo".

Em setembro de 1999 estive por uma semana na reserva Kaiowá/Guarani, em Dourados. Estive porque ali já acontecia a tragédia. Tragédia diante do silêncio quase absoluto. Tragédia que se ampliou, assim como o silêncio. Entre 1986 e setembro de 1999, 308 índios haviam se suicidado. Índios com idade variando dos 12 aos 24 anos.

Suicídios quase sempre por enforcamento, ou veneno. Suicídios por viverem confinados em reservas cada vez menores, cercados por pistoleiros ou fazendeiros que agiam, e agem, como se pistoleiros fossem. Suicídio porque viver como mendigo ou prostituta é quase o caminho único para quem deixa as reservas.

Italianos e um brasileiro fizeram um filme-denúncia sobre a tragédia. No Brasil, silêncio quase absoluto: Porque Dourados, Mato Grosso, índios... isso está muito longe. Isso não dá Ibope, não dá manchete. Segundo o Conselho Indigenista Missionário, o índice de assassinatos na Reserva de Dourados é de 145 habitantes para cada 100 mil. No Iraque, esse índice é de 93 pessoas em cada 100 mil.

Desde 1999, quando estive em Dourados com o fotógrafo Luciano Andrade, outros 555 jovens Kaiowá/Guarani se suicidaram no Mato Grosso do Sul. Sob aterrador e quase absoluto silêncio. Silêncio dos governos e da Mídia. Um silêncio cúmplice dessa tragédia.

Fonte: Fernando Augusto 

Assine as petições públicas:

Petição do Avaaz: Salvemos os índios Guarani-Kaiowá – URGENTE!

Abaixo-assinado Suspensão do despacho expedido pela Justiça Federal de Navirai/MS

CAMPANHA SOLIDÁRIA AO POVO GUARANI E KAIOWA

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